quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Oração

Pelas crianças
que nunca vão ter amanhã
que vieram a este mundo
desde logo abandonadas
a uma sorte madrasta
que as empurra
desesperadas
para uma vida sem infância
pelas crianças
que não sabem o que é brincar
e trocam constantemente
a alegria pelo choro
eu oro.

Pelas crianças deserdadas
de um carinho de mãe
que nunca vão ter na vida.
e da palavra amiga do pai
abandonadas
num quotidiano sem meta
obrigadas dia-a-dia
pelo mais vil desprezo
a procurarem o pão
eu rezo.

Por estas crianças-homem
de olhar perdido no vento
sem culpa de estar aqui
sonho um amanhã radioso
cheio de tempo para eles
brincarem, correrem
saltarem ,
só desejo , é pedir pouco
que um regaço maternal
os possa à noite acolher
e entre um beijo e uma carícia
consigam adormecer.

terça-feira, 23 de junho de 2009

DOIS MIL E NOVE É O ANO

Dois mil e nove
é o ano
das grandes decisões
não é preciso ser sábio
nota-se nas obras
(publicas)
que aceleram , aceleram
a um ritmo que nós, mortais
habituados que estamos
a olhar para os demais
sempre á nossa frente, enfim
estranhamos certamente
e deduzimos,calmamente
que esta vida é assim
por isso afirmo,
convicto
sem jeito a grandes sermões
que dois mil e nove é o ano
das grandes decisões,
e, inculto , eu concluo
porque será que há tantas
obras à vista do povo
só em anos de eleições….???
e ingénuo nestas coisas
por negação ou engano
-dois mil e nove é o ano –
matuto e digo pra mim
mais valia que eleições
houvesse todos os anos
haveria obra sem fim
pró povinho contentar
e então pra terminar
afirmo sem hesitação
arranjem-nos uma eleição
para o Zé poder votar
e tomar as decisões
mas continuo cismando
-não percebo nada disto…..-
tanta obra à vista do povo
só em anos de eleições…..?????

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ausência

Secou-se o pranto
em meus olhos
e os cabelos longos
ao vento
lembram tentações
estão tão longe as ilusões

acalmo a dor
quando a chuva fria
dos bréus
me procura
e esta desventura
se evade para os céus

e ao sol nascente
quando a aurora
ardente, em chamas
desperta, implora
a ausência
me devora

Mas um dia
na imensidão do tempo
virá alguém
ou algo
que me dirá
- vem comigo
que o caminho faz-se andando
e o carreiro que nos espera
rugoso e duro o bastante
por-no-á tarde ou cedo
no final da caminhada
lá bem longe, no infinito
onde estará escrito
a pedra dura ou a giz
numa lápide discreta:
"eu nunca quis o que fui
nem tão pouco fui o que quis"

sexta-feira, 27 de março de 2009

Dizem que sou um pouco

dizem que sou um pouco
-além de louco …- poeta
dos que procuram a rima
pra facilmente engrenar
um versejo sobre a vida
mas cuidando
da auto-estima
penso que não é bem assim
procuro bem simplesmente
fazer fluir pró papel
os sentimentos da alma
que ora fervendo, ora calma
vai traçando o meu caminho
procuro sempre sozinho
expressar de forma humilde
para que o povo entenda
-ele que tem sempre razão-
e que em tudo que nos rodeia
é sempre queiram ou não
o cerne da questão….
bem sei que o intelectual
sem pragmatismo
nem escolha
prefere o verso que, em prosa,
lhe vai massajando o ego
eu cá estou como o poeta
com os pobres desta terra
quero compartir a sorte
antes do ocaso chegar.
é que eu fui sempre assim
e ainda que a grande turba
de falta de horizontes
me possa enfim, acusar
prefiro o calmo remanso
à imensidão do mar.

sábado, 21 de março de 2009

Primavera em Campo Maior

Primavera
Tempo de cor
De alegria, paz
De amor
Que bem que faz!!
Sentir que a dor
Se desfaz
Num mar revolto
De espuma
E as noites
mais cálidas, mais coloridas
correm pelos nossos sonhos
uma a uma
salpicando as nossas vidas
de amanhãs mais risonhos!!
E quando enfim amanhece
E o perfume
Da malva ou da laranjeira
Enebria , em bebedeira
Nossos sentidos , pensamos
Quão bom beber ,dos anos
Do pastor, da tecedeira
Tudo aquilo que nos faça
Sentirmo-nos sempre em graça
com os bastardos da vida
e aos grandes valores
sempre fiéis
ou será que , cobardemente
o passar dos anos
nos vai tornando
mais injustos ,mais cruéis ???